- "Anger makes you smaller, while forgiveness forces you
- to grow beyond what you were."
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive. Ricardo Reis, 14/02/1933
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Saudades do que não vivi...
Como já mencionei, entrei de férias! E estava passeando por uma praia linda, onde há uma pedra mais linda ainda. Na verdade, é um conjunto de pedras belíssimas que invade o mar dessa cidade maravilhosa!!
A energia é muito positiva nesse local, mas também me fez sentir saudades de alguém. Alguém que poderia estar lá comigo, dividindo aquele momento de contato com a natureza. Aqui posto uma foto do lugar em questão.
Bom, Martha Medeiros - mais uma vez por aqui ! - fala da saudade com muita propriedade e simplicidade. Transcrevo aqui o texto.
A dor que dói mais - Martha Medeiros
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Bom finde a todos !
=)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Quote of the Day
"I've been trying for some time to develop a lifestyle
that doesn't require my presence."
Garry Trudeau
US cartoonist (1948 - )
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Quote of the Day
"We live as we dream - alone."
Joseph Conrad, Heart of Darkness
- English (Polish-born) novelist (1857 - 1924)
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Quote of the Day
- "Be open to your dreams, people. Embrace that distant shore.
- Because our mortal journey is over all too soon."
- David Assael
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Tudo vale a pena...
Hoje entro de férias - merecidas, desejadas e revigorantes! O dia foi duro, de muito trabalho, mas encerrei o ano de 2010 somente em fevereiro de 2011.
Não tive férias no ano passado, apenas um recesso. E para mim, se eu não viajo, não descanso. Acabo me envolvendo em mil coisas e os afazares acabam se tornando um peso que não me deixa descansar mesmo.
No entanto, irei viajar na semana que vem e espero mesmo poder descansar e estar aberta para viver coisas novas, conhecer pessoas diferentes, experimentar comidas diversas e tomar muito sol à beira mar.
E Fernando Pessoa já sabia que devemos estar abertos ao novo, não temer o desconhecido e ainda se aventurar pelo simples prazer de "navegar por mares nunca dantes navegados".
E para celebrar o novo, termino aqui com um poema muito famoso dele, do qual gosto muito.
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Quote of the Day
- "Finish each day and be done with it. You have done what you could."
Ralph Waldo Emerson
(1803 - 1882)
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Quote of the Day
- "Have courage for the great sorrows of life and patience for the small ones; and when you have laboriously accomplished your daily task, go to sleep in peace. God is awake."
Victor Hugo
French dramatist, novelist, & poet (1802 - 1885)
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
As pessoas de Pessoa
Fernando Pessoa, para mim, é o melhor poeta da língua portuguesa sem dúvida alguma. Quando paro para pensar como ele foi moderno para o seu tempo, chego à conclusão de que ele ainda é (ultra) moderno para nossos dias.
Por meio de seus tantos heterônimos, ele revela as várias personalidades que estão dentro dele e ainda consegue diferenciá-las muito bem através de estilos e temas distintos que aborda em cada um de seus heterônimos.
Pessoa escrevia de forma diferente, reverenciando temáticas diversas - apropriadas para cada "autor". É como se dentro de si, ele guardasse a personalidade de cada heterônimo. E essas personalidades poderiam ser de uma pessoa bucólica, existencialista, patriótica, sentimentlista... Sendo assim, cada heterônimo é uma das pessoas dentro de Pessoa.
Seus heterônimos mais famosos são:
Alberto Caeiro - considerado o mestre de todos os heterônimos de Fernando Pessoa. Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso.
Ricardo Reis - nasceu no Porto. Educado em colégio de jesuítas, é médico e vive no Brasil desde 1919, pois expatriou-se espontaneamente por ser monárquico. É latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria.
E o meu preferido é este último, por isso reproduzo aqui um dos seus poemas que me fazem pensar na existência humana.
- MAGNIFICAT
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro(*) sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro(*) sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!
- Álvaro de Campos, 7-11-1933
Tenho dentro de mim também muitas pessoas, muitas personalidades, muitas facetas. E a poesia de Pessoa consegue tocar cada uma delas, despertando em mim sentimentos distintos. E sentimentos que se entrelaçam, se completam e se contradizem... Sou assim - como qualquer pessoa!
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