Compartilho com vocês, leitores.
Boa noite =)
Por
um minuto, esquece a poluição do ar e do mar, a química que contamina a
terra e envenena os alimentos, e medita: como anda o teu equilíbrio
eco-biológico? Tens dialogado com teus órgãos interiores? Acariciado o
teu coração? Respeitas a delicadeza de teu estômago? Acompanhas
mentalmente teu fluxo sanguíneo? Teus pensamentos são poluídos? As
palavras, ácidas? Os gestos, agressivos? Quantos esgotos fétidos correm
em tua alma? Quantos entulhos - mágoas, ira, inveja - se amontoam em teu
espírito?
Examina
a tua mente. Está despoluída de ambições desmedidas, preguiça
intelectual e intenções inconfessáveis? Teus passos sujam os caminhos de
lama, deixando um rastro de tristeza e desalento? Teu humor intoxica-se
de raiva e arrogância? Onde estão as flores do teu bem-querer, os
pássaros pousados em teu olhar, as águas cristalinas de tuas palavras?
Por que teu temperamento ferve com freqüência e expele tanta fuligem
pelas chaminés de tua intolerância? Não desperdiça a vida queimando a
tua língua com as nódoas de teus comentários infundados sobre a vida
alheia.
Preserva
o teu ambiente, investe em tua qualidade de vida, purifica o espaço em
que transitas. Limpa os teus olhos das ilusões de poder, fama e riqueza,
antes que fiques cego e tenhas os passos desviados para a estrada
dessinalizada dos rumos da ética. Ela é cheia de buracos e podes
enterrar o teu caminho num deles. Tu és, como eu, um ser frágil, ainda
que julgues fortes os semelhantes que merecem a tua reverência. Somos
todos feitos de barro e sopro. Finos copos de cristal que se quebram ao
menor atrito: uma palavra descuidada, um gesto que machuca, uma
desconfiança que perdura.
Graças
ao Espírito que molda e anima o teu ser, o copo partido se reconstitui,
inteiro, se fores capaz de amar. Primeiro, a ti mesmo, impedindo que a
tua subjetividade se afogue nas marés negativas. Depois, a teus
semelhantes, exercendo a tolerância e o perdão, sem jamais sacrificar o
respeito e a justiça. Livra a tua vida de tantos lixos acumulados. Atira
pela janela as caixas que guardam mágoas e tantas fichas de tua
contabilidade com os supostos débitos de outrem. Vive o teu dia como se
fosse a data de teu renascer para o melhor de ti mesmo - e os outros te
receberão como dom de amor. Pratica a difícil arte do silêncio.
Desliga-te das preocupações inúteis, das recordações amargas, das
inquietações que transcendem o teu poder.
Recolhe-te
no mais íntimo de ti mesmo, mergulha em teu oceano de mistério e
descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a tua identidade. Guarda
este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor.
Acolhe a tua vida como ela é: uma dádiva involuntária. Não pediste para
nascer e, agora, não desejas morrer. Faz dessa gratuidade uma aventura
amorosa. Não sofras por dar valor ao que não merece importância. Trata a
todos como igual, ainda que estejam revestidos ilusoriamente de nobreza
ou se mostrem realmente como seres carcomidos pela miséria.
Faz
da justiça o teu modo de ser e jamais te envergonhes de tua pobreza, de
tua falta de conhecimentos ou de poder. Ninguém é mais culto do que o
outro. O que existem são culturas distintas e socialmente
complementares. O que seria do erudito sem a arte culinária da
cozinheira analfabeta? Tua riqueza e teu poder residem em tua moral e
dignidade, que não têm preço e te trazem apreço. Porém, arma-te de
indignação e esperança.
Luta
para que todos os caminhos sejam aplainados, até que a espécie humana
se descubra como uma só família, na qual todos, malgrado as diferenças,
tenham iguais direitos e oportunidades. E estejas convicto de que
convergimos todos para Aquele que, supremo Atrator, impregnou-nos dessa
energia que nos permite conhecer a abissal distância que há entre a
opressão e a libertação.
Faze
de cada segundo de teu existir uma oração. E terás força para expulsar
os vendilhões do templo, operar milagres e disseminar a ternura como
plenitude de todos os direitos humanos. Ainda que estejas cercado de
adversidades, se preservares a tua ecobiologia interior serás feliz,
porque trarás em teu coração tesouros
"Não conseguimos segurar uma tocha para iluminar o caminho de outra pessoa, sem clarearmos o nosso própio."
BEN SWEETLAND
BEN SWEETLAND