quinta-feira, 12 de maio de 2011

Não se pede mais em namoro, Sr. Bauman

Bora aproveitar que o respeitável filósofo Zygmunt Bauman está chegando ao Brasil e falar sobre duas ou três coisas que eu sei sobre a fragilidade dos laços humanos.
 Falar nisso, o prezado amigo e a estimada rapariga sabem de que filme é a cena aí abaixo? Só sei que é bonito e diz respeito ao tema. Amnésicos corações. Nada mais.
 Caso tenham alguma dica sobre a película, favor deixar um comentário para este desmemoriado blogueiro.
  

Bora aproveitar, repito, para discutir, ou simplesmente tirar uma onda cronicamente inviável, sobre o “Amor Líquido”(ed.Zahar), o ótimo livro desse cara que não sai da roda e da moda e que, com licença da sacanagem, empata tanta phoda.
 É, meu caro Bauman, é cada vez mais difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero...
 É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura clandestinidade?
 “Qualé  a sua, rapá?!”, indaga a nobre gazela.
 E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas.
 No tempo do amor líquido tudo escorrega.
 Vacila o homem, que é a nova fêmea.
 Vacila a fêmea, que mais parece, em atitude, um novo macho.
 Sinais trocados.
  
O certo é que nessa confusão toda é cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico, o cara nervoso, se tremendo como vara verde: “Você me aceita em namoro”?
O tempo passava e vinha mais um pedido igualmente tenso. O pedido de noivado.
 Mais adiante, a hora fatal, mais uma tremelica do jovem mancebo: Você me aceita em casamento?
 E pedir a mão,aos pais, meu Deus, haja nervosismo, melhor tomar na esquina a cachaça da coragem.
 São raros os nobres pedidos. Em alguns setores mais modernos e metropolitanos, digamos assim, talvez nem existam mais. Mesmo. 
 No tempo do “ficar” quase nada fica, nem o amor daquela rima.
 Alguns sinais, porém, continuam valendo e dizem muito. O ato das mãozinhas dadas no cinema, por exemplo, ainda é o maior dos indícios.
 Tanto quanto um bouquet de flores, mais do que uma carta ou um email de intenções, mais do que uma cantada nervosa, mais do que o restaurante japonês, mais do que um amasso no carro, mais do que um beijo com jeito, daqueles que tiram o gloss e a força dos membros inferiores e superiores. 

 “Vamos pegar uma tela, amor?”, como se dizia não muito antigamente.
 Eis a senha.  
 Mais até do que um jantar très-romantic no bistrozim, que pode guardar apenas um desejo de sexo dos dons Juans que jogam o jogo-jogado e marketeiro.
 O cinema, além da maior diversão, como diziam os cartazes de Severiano Ribeiro, é a maior bandeira.
 Nada mais simbólico e romântico.
 Os dedos dos dois patinhos na lagoa se encontrando no fundo do saco das últimas pipocas...
 Não carecem uma só palavra, ainda não têm assuntos de sobra.
 Salve o silêncio. 
 No cinema como na vida. 
 Chega de revelações e precoces besteiras.
 Ah, os silêncios iniciais, que acabam voltando depois, mas voltando sem graça, surdo e mudo, eterno retorno de Jedi. Nada mais os unia do que o silêncio, escreveu mais ou menos assim, com mais talento, claro, Murilo Mendes, poeta dos melhores e mais líricos.
  
Palavras, palavras,palavras...
Silêncio, Silêncio, silêncio...

Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.

Escrito por Xico Sá; Ilustrada. Folha de SP em 12/05/2011

19 comentários:

  1. talvez eu esteja no Limbo dos seus contatos bloqueados...

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  2. ah, acho que não...
    ninguém foi bloqueado por aqui!

    =)

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  3. estou no Limbo do esquecimento então.. :(

    enfim, bom saber que vc está bem.

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  4. não estás... porque não há ninguém bloqueado aqui!
    identifique-se e te direi se te esqueci!
    =)

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  5. talvez não valha a pena lembrar.

    Voce está linda e feliz, isso que importa.

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  6. iria perder toda a graça e deixar a situação patética... talvez siga sua idéia e crie um blog limbótico

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  7. as you wish com uma cara de "foda-se"... talvez eu nem seja bem-vindo mais...

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  8. NÃOOOOOOOOOOOO"
    isso aqui - ;) - e uma carinha piscando, tendeu?
    assim são olhos :
    assim, um olho pisca ;

    gente que não entende a linguagem internética ... isso sim é foda! ahuahauha

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  9. agora me chamou de retardado, uahuahua é bom saber o que as pessoas pensam da gente sem saber quem somos :)

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  10. Teela de Grayskull não me maltratava tanto :(

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  11. rod, meu nego!

    da onde vc tirou que está bloqueado???
    vc não está não...

    fala comigo no MSN!

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  12. uai!?
    acabei de falar contigo no offline.
    teu MSN não é rodrigomartins....?

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  13. tem algo conspirando então, vo deletar o contato morto seu e tentar re-add...

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  14. ok. mas é o mesmo na real =)
    o meu é ariane4..........
    tu sabe!

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