Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive.
Ricardo Reis, 14/02/1933
Minha cara amiga Ariane: Quando entramos em contato com pensamentos de épocas e origens diferentes, é curioso encontrar similaridades que sugerem um contato desconhecido entre as antigas civilizações. Essa frase de Heráclito contém uma idéia que ajuda minha busca por um equilíbrio saudável nesta vida. A curiosidade está em ter chegado ao meu conhecimento através da leitura de textos budistas. Gosto muito da filosofia de vida budista, sem me ater à sua cosmologia e teologia. Quando falo em cosmologia e telologia, quero lembrar que no budismo existem várias linhas ou denominações. Mais ou menos o que ocorre com o cristianismo e outras grandes religiões. No oriente devem se referir ao ocidente cristão de uma forma generalista, como nós fazemos com eles. A filosofia e psicologia budistas, praticamente em todas as escolas, têm como uma e suas principais bases o conceito de impermanência, ensinam que o sofrimento vem das ilusões (ignorância da verdadeira realidade) e do apego. O sofrimento é uma decorrência lógica e sensível e imediata do apego às coisas e fenômenos transitórios. Vivemos em um mundo em constante transformação em todos os níveis que se possa imaginar. Daí a impermanência como inexorabilidade desse mundo fenomênico. Quando se está num rio, fosse possível agarar-se à correnteza, por certo haveria dor e ferimentos, a não ser que fôssemos da própria natureza da água, que flui pelas pedras sem ter sua essência alterada.
Minha cara amiga Ariane:
ResponderExcluirQuando entramos em contato com pensamentos de épocas e origens diferentes, é curioso encontrar similaridades que sugerem um contato desconhecido entre as antigas civilizações. Essa frase de Heráclito contém uma idéia que ajuda minha busca por um equilíbrio saudável nesta vida. A curiosidade está em ter chegado ao meu conhecimento através da leitura de textos budistas. Gosto muito da filosofia de vida budista, sem me ater à sua cosmologia e teologia. Quando falo em cosmologia e telologia, quero lembrar que no budismo existem várias linhas ou denominações. Mais ou menos o que ocorre com o cristianismo e outras grandes religiões. No oriente devem se referir ao ocidente cristão de uma forma generalista, como nós fazemos com eles.
A filosofia e psicologia budistas, praticamente em todas as escolas, têm como uma e suas principais bases o conceito de impermanência, ensinam que o sofrimento vem das ilusões (ignorância da verdadeira realidade) e do apego. O sofrimento é uma decorrência lógica e sensível e imediata do apego às coisas e fenômenos transitórios. Vivemos em um mundo em constante transformação em todos os níveis que se possa imaginar. Daí a impermanência como inexorabilidade desse mundo fenomênico. Quando se está num rio, fosse possível agarar-se à correnteza, por certo haveria dor e ferimentos, a não ser que fôssemos da própria natureza da água, que flui pelas pedras sem ter sua essência alterada.